Está certo, eu posso tolerar, em parte, muita coisa de errado no futebol. Os gramados, os jogos ruins, a Globo, o Palmeiras disfarçado de amarelo, os calendários do jogos em dia de data Fifa, os jogos da seleção fora do Brasil... Mesmo com tudo isso atrapalhando, confesso que ainda dá para torcer o pano e cair uma gota de emoção de dentro das quatro linhas. No entanto, neste fim de semana, Bob Fernandes, da Terra Magazine, e Juca Kfouri, da Folha, escancararam o que todo mundo sabe que existe em quase todos os times e que é intolerável: as falcatruas do Corinthians.
Com todas as misérias, a relação literalmente mafiosa que o Corinthians contruiu com a MSI pode servir de ponto inicial para uma reformulação (limpeza) nas formas de comercializar jogadores. Se punidos no âmbito jurídico e desportivo, pode-se começar a pensar em uma legislação mais rigorosa em torno das negociações dos clubes. O que mudaria as coisas no futebol do país.
A evasão de jogadores, que todos acreditam ser consequência do mercado, o que em boa parte é, pode ser menos intensa se as negociações forem feitas com transparência ao Estado Brasileiro. Como todos os setores da economia, é necessário que haja uma regulamentação que impessa vendas ilícitas. Quando falo que o tipo de evasão que ocorre no Brasil não é normal, digo isso no sentido de que há muito de podre por trás: lavagem, sonegação, dinheiro arbitrário advindo de sabe Deus de onde e a relação arbitrária do jogador com seu empresário, este último nem precisa pôr seu c.p.f. no contrato para levar a bolada que leva.
O caso do Corinthians foi o mais escrachado de todos. O timão e sua diretoria devem ser punidos para que o país não vire a lavanderia do futebol. E para que se possa pensar seriamente numa regulamentação e, consequentemente, tirar as raposas que se perpetuam ao longo das décadas na administração dos clubes e, por tabela, da CBF. Se impedirem a evasão ilícita, vai ter muito abutre voando para longe do mundo de futebol. Limpando os clubes, vai jorrar emoção nas quatro linhas.